Ansiedade: O que o seu sintoma está tentando dizer?

Em um mundo que se move em velocidade vertiginosa, a ansiedade se tornou uma companheira quase constante para muitos. Sentimos o coração acelerar antes de uma apresentação, as mãos suarem em um encontro social ou uma inquietação inexplicável tomar conta em uma noite de domingo. A resposta mais comum é buscar formas de silenciar esse desconforto, de eliminar o sintoma para, enfim, ter paz.

Mas e se a ansiedade não fosse apenas um “defeito” do nosso sistema? E se, em vez de um inimigo a ser combatido, ela fosse um mensageiro? Sob a ótica da psicanálise, a ansiedade é precisamente isso: um sinal valioso, uma mensagem cifrada vinda das profundezas do nosso inconsciente, que nos alerta sobre conflitos que não conseguimos enxergar.

A Diferença Crucial: Medo vs. Angústia

Para começar a decifrar essa mensagem, é fundamental distinguir a ansiedade (ou angústia, no termo psicanalítico) do medo.

  • O medo tem um objeto claro e definido. Temos medo de algo: de um cão bravo, de altura, de um assalto. O perigo é externo e real (ou imaginado como tal). Sabemos do que precisamos nos proteger.
  • A angústia, por outro lado, é um medo sem rosto. É uma sensação de perigo iminente, mas um perigo vago, interno, que não sabemos nomear. É um mal-estar que parece vir de dentro, uma apreensão de que algo terrível está prestes a acontecer, sem que saibamos o quê.

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, postulou que essa angústia funciona como um sinal de alarme. Mas, diferentemente do alarme de incêndio que aponta para o fogo na sala, a angústia aponta para um “incêndio” interno: um desejo reprimido que ameaça vir à tona, uma lembrança traumática que insiste em se manifestar ou um conflito profundo entre diferentes partes da nossa psique.

Como a Psicanálise Pode Ajudar? Da Repetição à Elaboração

O objetivo de um processo analítico não é dar uma pílula ou uma técnica para suprimir a ansiedade. O objetivo é criar um espaço seguro onde possa, pela primeira vez, colocar em palavras aquilo que até então só se manifestava em seu corpo e em seu comportamento.

Essa compreensão é transformadora. O sintoma deixa de ser um tirano incompreensível e se torna uma bússola que aponta para suas questões mais íntimas. Com isso, ganha a capacidade de fazer novas escolhas, não mais como um prisioneiro de seu passado, mas como autor de seu presente.

Conclusão: Ouvindo o que o Sintoma Tem a Dizer

Tratar a ansiedade apenas como um transtorno a ser eliminado é como desligar um alarme de fumaça sem verificar se a casa está pegando fogo. A psicanálise nos convida a fazer o caminho inverso: ouvir o alarme com atenção, suportar o desconforto inicial e ter a coragem de investigar a origem do fogo.

O que o seu sintoma de ansiedade está tentando dizer sobre seus desejos, seus medos e sua história? Ao invés de apenas tentar calá-lo, talvez a jornada mais curativa seja aprender a escutá-lo.

Esse conteúdo faz sentido para você?

Talvez ele faça sentido para alguém que você conhece. Compartilhe com quem precisa de apoio emocional ou conhecimento sobre o assunto – às vezes um simples envio pode ser o começo de uma grande transformação.

Contato

@2025 Sabrina Rezende | Psicanálise Clínica e Psicoterapia | SINPH - 0206 | Registro Nacional de Terapeutas e Psicanalistas nº: 9051 - Livro 11 - Página 06 | Todos os direitos reservados.